A ESTRELA DA NOITE

- Psiu!... Devagar!... Agora somente o silêncio é quem reina na Floresta de Poesia. Os bichinhos estão todos dormindo, encantados. E uma frouxa luz amarela protege a Cidade de Capim. As estrelas cadentes cruzam o céu, numa festa cintilante. Os sonhos nascem. São os guardiões da Floresta. Uma paz imensa envolve os corações que amam... São perfumes de flores... Risos de criança... Cantos de poeta em noite calma! Fiquem todos em paz... E que o amanhã desperte, na luz de um novo dia.

sábado, 12 de dezembro de 2015

FLORESTA DE POESIA - 15 ANOS - HOMENAGEM AO AUTOR



Coral infantil com os alunos do 
Colégio Nogueira Cobra, em Bananal - SP. 


O ANIVERSÁRIO DA LUÍZA - Coerografia da Duda (Maria Eduarda) - Dançarinas: Fernanda, Carolina, Maria Eduarda, Betina, Ana Clara, Marcela, Thayane e Thainá




BRINCADEIRA NA FLORESTA - CORAL INFANTIL





O SAPO MARCO ANTÔNIO E O MOSQUITO FEIJÃO
HOMENAGEM PARA CÉSAR FONSECA - Com os alunos do professor Samandal Sabadine Izoldi.



O ANIVERSÁRIO DA LUÍZA - ENSAIO GERAL


A CIDADE DE CAPIM / MELHORES AMIGOS - Alice, Sara e Sophia.



SERENATA - Bárbara, Marcela e Alana


MELHORES AMIGOS - Cantiga do vento e da rosa


O SAPO MARCO ANTÔNIO E O MOSQUITO FEIJÃO


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

SERENATA


Poema do livro de fábulas FLORESTA DE POESIA, de Wagner Fernandes Fonseca - Recitação das alunas: Bárbara, Marcela e Alana - Especial 15 anos do livro infantil. Colégio Nogueira Cobra. Projeto desenvolvido pelos professores: Samandal, Rosalina e Flávia, juntamente com o autor do livro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DO AMOR QUE MOVE O CÉU E AS MAIS ESTRELAS...



"(...) Mas a sementinha, curiosa, que não se conformava mais com uma ideia tão limitada de mundo, quis se aventurar. Com toda coragem, começou a subir... subir... subir... até que, encontrando o limite entre a terra e o ar, sentiu o calor do sol batendo em seu rosto e viu os raios luminosos do dia pela primeira vez. 

     Ficou ao mesmo tempo assustada e embevecida. Não imaginava que pudesse existir algo assim tão belo. 

     Começou a conhecer o mundo, as coisas, as cores, as folhas, as flores, os rios, as árvores e o sopro do vento. 

        Em tanto encanto olhou para si mesma... E percebeu que também havia mudado. Já não era mais uma semente, era um broto, uma folhinha verde crescendo... E viu que tudo isso era bom, que o amor é uma melodia silenciosa que toca mais fundo na alma... 

       Como contar às outras o que descobriu? Não poderia mais voltar. Mesmo se voltasse elas não acreditariam. 

          Era grandioso demais tudo o que havia encontrado. Tão diferente daquela covinha escura debaixo da terra. Contudo, era ainda lá que mantinha suas raízes, que lhe davam forças para ficar de pé e energia para viver. E isso também era bom.Quando chegou a noite, a lua clareou o céu e as estrelas brilharam intensamente. A “sementinha em folha” viu que ainda havia muita coisa para conhecer e amar. E, mesmo que viesse a sofrer por isso muitas vezes, valeria à pena. 

       Sim, valeria à pena doar todo o seu perfume e toda a sua essência aos braços do infinito céu azul, cheio de mistérios e estrelas cintilantes."

(Trecho da fábula "As três sementinhas", Floresta de Poesia, página 27).


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CAMINHOS PARA A FLORESTA...

(...) A tarde avermelhada ia caindo vagarosamente naquele pedacinho de chão, onde estava o Velho Besouro, sentado em sua tampinha de garrafa, com o chapéu ao colo e a bengala entre as mãos, tendo em volta a Baratinha, de pé, com as mãos na cintura, o Ratinho todo encolhido perto da Formiguinha e o Calanguinho com as pernas cruzadas e as mãos no queixo, com ar de sabido.



O Besouro olhava sempre ao longe, como que buscando no infinito a primeira estrela da tarde, a anunciar a saudade e as canções de uma terra distante, de um olhar amigo ou até mesmo de um amor.  Em torno do grupinho via-se uma latinha de coca-cola vazia, em pé, servindo de muro. Uma tampinha de caneta, onde a Formiguinha encostava o pequeno corpinho frágil. Uma velha caixinha de fósforo, jogada fora e, ao fundo, prédios, ruas, pontes, postes, torres e outras coisas estranhas de cidade grande.

De repente, a Baratinha se assustou:

- Cadê o riacho? - disse interrogativa, olhando para um filete de água que descia da montanha.

- O riacho fugiu... - respondeu o Besouro.

- Cadê a floresta? - tomou a vez o Ratinho. - Só vejo casas e prédios.

- Isso é muito triste - lamentou-se a Formiguinha.

- Ainda existe um lugar...

- Que lugar é esse? - perguntou a Formiguinha, levantando apressada da sua tampinha de caneta.

O Besouro respondeu:

- Vê além, muito além daqueles prédios, daquelas serras e montanhas?

- Sim - respondeu o Calanguinho.

- Lá ao longe - tornou o Besouro -, lá onde surge a primeira estrela da tarde, onde a brisa descansa suas asas, lá existe a Floresta de Poesia. (...)

(Patchwork da Dona Lelei - Panor)



QUALQUER PALAVRA SERENA

Para Adriel Vidal Sabadine e Alessandra Félix.


Qualquer palavra serena

Que, enfim, transmita o amor.
É o que disse uma lagarta
Para o amigo beija-flor.

Qualquer palavra serena
Que sirva de uma lição
E enfeite todo o jardim
Deste nosso coração.

O beija-flor bateu asas,
Levando os ensinamentos
Pra todos da laranjeira.

E, após alguns momentos,
A lagartinha dormiu
Na folha da goiabeira.

(Mensagem da Floresta de Poesia, página 39)


(...)

CANSADA de um longo dia de caminhada por folhas, galhos, árvores, raízes e terras distantes, uma lagartinha resolveu parar um pouco e refletir sobre em qual direção deveria prosseguir na manhã seguinte. Estava no alto de uma enorme goiabeira, pensando calmamente, quando apareceu um ligeiro beija-flor:

 - Boa tarde, mocinha - disse o beija-flor.

- Boa tarde - respondeu a lagartinha.  - Aonde o amigo vai assim tão apressado?


- Vou visitar algumas flores, um beija-flor da minha idade precisa aproveitar a vida.

- Muito bem - falou a lagartinha. - É preciso conhecer as flores.

- E eu as conheço - disse o beija-flor.

- E seus espinhos, você os conhece? - perguntou a lagarta.

- Não, procuro evitá-los. Dizem que são muito doloridos. Por isso, meus encontros são todos passageiros. Como todo beija-flor, descobri o amor assim.

- O amor pode ser bem maior do que imaginamos, quando aprendemos a amar até mesmo aquilo que mais nos desagrada.

- Pode ser - disse o beija-flor, mas isso é muito difícil.

- É preciso ao menos tentar - insistiu a lagarta.

- O que mais a desagrada? - perguntou o beija-flor.

- Não sei. Talvez o cansaço de estar sempre presa ao chão, andando de um lado para o outro e enfrentando perigos a todo instante.

- Não entendo como você consegue amar este sacrifício todo.

- É a minha vida – explicou a lagartinha. - E é necessário amá-la do jeito que ela é. Só assim poderei amar a quem está ao meu redor.

- Gostaria de saber o que posso dizer para tornar outras pessoas felizes, - comentou o beija-flor.

- Diga qualquer palavra serena - foi a resposta da lagartinha.


Qualquer palavra serena

Que, enfim, transmita o amor.
É o que disse uma lagarta
Para o amigo beija-flor.

Qualquer palavra serena
Que sirva de uma lição
E enfeite todo o jardim
Deste nosso coração.

O beija-flor bateu asas,
Levando os ensinamentos
Pra todos da laranjeira.

E, após alguns momentos,
A lagartinha dormiu
Na folha da goiabeira.

Marcador de livro 
Edição de 2002 - Elaborado por Adriel Vidal Sabadine.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O ANIVERSÁRIO DA LUÍZA

Um rockzinho na viola, pra Camila Granha..





A cigarra anunciou
Que tem festa no jardim,
Vai ter bolo com sorvete,
Nunca vi uma coisa assim.

Tudo, tudo preparado
Com cuidado e com carinho,
Tem presente embrulhado,
Espalhado no caminho.

É o primeiro aniversário
Da Luíza, a Joaninha,
Já estão até dizendo
Que é uma festa de rainha.

A cigarra anunciou,
Todo mundo pôde ouvir,
Nesta festa do jardim

Todo mundo pode ir.




- O que é uma joaninha - quis saber o Ratinho.

- Uma das melhores auxiliares dos agricultores – respondeu o Besouro. – As joaninhas são predadoras em nosso mundo. Eliminam os seres que são nocivos para as plantas, como pulgões e piolhos da folha. Vivem até 180 dias...

- E isso é muito? – Indagou a Baratinha.

- Para os humanos parece pouco, mas para nós equivale a quase dois séculos de existência.

- Que coisa!... – refletiu a Formiguinha.

- E, embora ela seja inofensiva, os humanos a machucam toda vez que utilizam agrotóxicos em plantações. Estes produtos são responsáveis pela morte de milhares de joaninhas.


Por isso, é preciso comemorar numa grande festa cada vez que encontramos uma delas. 


HISTÓRIAS DE UM VELHO BESOURO

UM Velho Besouro, muito experiente, contou consciente mil coisas estranhas no lado de lá. Os outros, mais jovens, ouviram atentos e por certos momentos diziam: - Será?

- Sim - respondia o Besouro. - Andei longes terras, vi coisas de serras e coisas do mar.


- Quais coisas? - perguntou uma Baratinha urbana muito curiosa.



- Muitas coisas - explicava o Velho. - Estrelas, luares... Vi prédios e casas de vários andares. Vi carros e asfaltos em muitos lugares. Navios, planaltos, planícies e matas. Desertos, oásis, riachos e cascatas. Estradas de pedra e estradas de chão.

- Até avião! - disse rindo um Calanguinho.

- Certamente - respondeu o besouro -, mas pelo que vejo isso não é nenhuma novidade por aqui. Na cidade grande não faltam aviões e helicópteros.

- E carros! - completou uma Formiguinha muito sabida. - Tantos que é até difícil de atravessar a rua.

- O que mais o senhor viu? - quis saber um Ratinho miúdo, que até então apenas ouvia a conversa.

- Vi povos distantes, de várias culturas: da Grécia os costumes e a filosofia. Vi a geografia de cada lugar. Subi em montanhas, em longas alturas. Vi neves e polos, portos e ilhas. Fui às Antilhas, andei longas milhas, por trilhas e trilhas, da China ao Egito, nas altas pirâmides. De Roma às estradas de Jerusalém.

- Isso tudo?! - assustou-se o Calanguinho.

Continuava o besouro:

- Do norte, com sorte. Do sul, leste e oeste eu já fui também. Pelos continentes vi mundos e gentes de cor diferente - de peles vermelhas, negras e brancas. Subi em barrancos, voei pelas nuvens. Li pingos e livros e dancei com a brisa..., parei na janela daquele edifício. - Apontava para um enorme prédio ao longe.

- Ah! Aquilo lá eu conheço - disse o Calanguinho.  - Já fui algumas vezes naquele pedaço. Ainda outro dia fui tirado de lá a pontapé.

Os outros bichinhos riam de doer a boca, enquanto o Velho Besouro se ajeitava, sentado numa tampinha de garrafa. Aprumava o corpo e descansava o olhar em direção ao por do sol, que descia lentamente entre prédios, torres, antenas e montanhas alaranjadas da cidade grande.
- Em que o senhor está pensando? - perguntou a Baratinha.


- Na casa dos humanos - disse o Besouro. – Por aqui vejo perigos que podem ser nocivos a todos nós.

- Que perigos? - indagou o Ratinho.

- Vocês nasceram aqui na cidade, cresceram adaptados com este clima, com esta poluição sonora e visual, com este ar diferente...

- Existe outro ar? - indagou a Formiguinha.

- Sim! - respondeu o Besouro. - Existe um ar bem mais puro, não contaminado pelas fumaças dos carros e das fábricas.

- Mas, sem carros e fábricas não existiria cidade grande - retrucou duvidoso o Ratinho.

- Talvez - disse o Velho. – Hoje, belas criações da natureza, como as árvores e os rios, não conseguem viver...

- Como são cruéis! - disse a Baratinha tremendo de medo.

- Nem todos são assim - continuou o Besouro. - Algumas pessoas lutam a vida inteira para proteger a natureza. Infelizmente são poucas. A maioria dos homens não consegue viver sem causar algum tipo de morte ao seu redor.

- Ora! Cada vez que alguém joga lixo num rio, está destruindo a casa de muitos seres vivos.

- Casa dos peixes!!! - falou bem alto o Calanguinho

- Não consigo entender o que leva o homem a destruir tanto o lugar onde vive - disse num profundo lamento a Baratinha.

- Para facilitar a vida - respondeu o Ratinho.

- Coisas do mundo dos homens - disse o Calanguinho.


A tarde avermelhada ia caindo vagarosamente naquele pedacinho de chão, onde estava o Velho Besouro, sentado em sua tampinha de garrafa, com o chapéu ao colo e a bengala entre as mãos, tendo em volta a Baratinha, de pé, com as mãos na cintura, o Ratinho todo encolhido perto da Formiguinha e o Calanguinho com as pernas cruzadas e as mãos no queixo, com ar de sabido.
 (...) 



 O Besouro olhava sempre ao longe, como que buscando no infinito a primeira estrela da tarde, a anunciar a saudade e as canções de uma terra distante, de um olhar amigo ou até mesmo de um amor.  Em torno do grupinho via-se uma latinha de coca-cola vazia, em pé, servindo de muro. Uma tampinha de caneta, onde a Formiguinha encostava o pequeno corpinho frágil. Uma velha caixinha de fósforo, jogada fora e, ao fundo, prédios, ruas, pontes, postes, torres e outras coisas estranhas de cidade grande.

De repente, a Baratinha se assustou:

- Cadê o riacho? - disse interrogativa, olhando para um filete de água que descia da montanha.

- O riacho fugiu... - respondeu o Besouro.

- Cadê a floresta? - tomou a vez o Ratinho. - Só vejo casas e prédios.

- Isso é muito triste - lamentou-se a Formiguinha.

- Ainda existe um lugar...

- Que lugar é esse? - perguntou a Formiguinha, levantando apressada da sua tampinha de caneta.

O Besouro respondeu:

- Vê além, muito além daqueles prédios, daquelas serras e montanhas?

- Sim - respondeu o Calanguinho.

- Lá ao longe - tornou o Besouro -, lá onde surge a primeira estrela da tarde, onde a brisa descansa suas asas, lá existe a Floresta de Poesia.

- Eu consigo ver a Estrela - falou muito alegre o Calanguinho.

- Nós também estamos vendo - disseram os outros três bichinhos.








- Quando a Estrela aparece, muitas vidas podem ser transformadas. É a paz. A esperança de um dia melhor... Sabedoria e Fé.

Lá, embaixo daquela Estrela, é que existe a Floresta de Poesia, a Cidade de Capim.

- Conta pra gente algumas histórias desse lugar - pediu a Formiguinha, tendo o apoio do Calanguinho, do Ratinho e da Baratinha.


E o Velho Besouro começou a narrar as aventuras dos bichinhos da Floresta de Poesia.




APRESENTAÇÃO (Por Edmundo de Carvalho)

O tema escolhido por Wagner Fernandes é oportuníssimo. O autor trata a contradição do modelo de desenvolvimento com a consciência de professor de literatura e a sensibilidade de poeta e músico que congrega em si. Vê o ponto de vista do ser urbano e transporta-se, ao mesmo tempo, para o mundo silvestre. Wagner se faz de Velho Besouro para dar alma e fala a animais que dialogam sobre os dois lados da civilização. Uma crítica ao modelo consumista, em contraste com a exuberância da Floresta que por si só é pura Poesia.

Na cidade grande é que a fábula tem início. Os animais, que lá vivem, sem perceber o fardo que carregam, são despertados pela sabedoria de um Besouro, que os põe a pensar, dialogar, buscar e construir um mundo melhor.

O lugar em que o verde nunca morre é o reduto do poeta e do compositor, que se unem em um só e compõem diversas modinhas, interpondo ritmos e estilos diferentes, às vezes rurais, às vezes modernos, mas que, magistralmente, trazem as coisas da natureza ao domínio deste belíssimo musical.


Não se esqueceu de pôr uma pitada de romance na relação dos personagens, que vão extraindo da floresta e movimentando um cenário, ao mesmo tempo, encantado e real: A formiga Elizabeth que se enamorou do Vaga-lume, dançou forró e Reggae; pôs serenata em roda de amigos; viola; festa de aniversário; e trabalho de abelha fazendo mel. E falou do marimbondo professor, muito a propósito da pouco reconhecida profissão de professor.

Faz um remelexo com violão, violeta e violação para criar metáfora com o “vento” que vem “forte” e deixa as flores no chão, alusão certa a um assunto que está na pauta: as catástrofes nucleares.

E, oportunamente, termina o musical cantando a esperança que sempre há guardada no coração dos justos, valendo-se de um verso que espanta o mal na fala do Velho Besouro: “enfim o tal velho pediu pra que a brisa guardasse o segredo do lado de cá, que o tempo levasse pra longe os murmúrios (sofrimentos – grifo meu) do lado de lá.”                                       

  (Edmundo de Carvalho na casa de Wagner Fernandes Fonseca e Idalina Sabadine, em 2004)

Edmundo de Carvalho[1]. Silveiras, 04 de maio de 2011.



[1] Edmundo de carvalho (22/10/1949) é autor do livro de contos TRAVESSIA.  Formou-se em Engenharia e trabalhou na Fábrica de Vagões, em Cruzeiro, SP. Em São José dos Campos, onde morou por 35 anos, foi vice-prefeito, Secretário de Planejamento, Secretário do Meio Ambiente e Presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Mora, atualmente, em Silveiras-SP, sua cidade natal.

AS CANÇÕES DO VAGA-LUME (Para César Fernandes Fonseca, Luciana Fidalgo, Elisa, Camila e Isabela)

VEJA ao longe despontando a lua errante. Já é noite na Floresta de Poesia.
O céu está límpido e suave. Uma imensa variedade de bichinhos alados começa a enfeitar a Cidade de Capim, iluminando a escuridão do vale e trazendo alegria para a Floresta.
Os pirilampos fazem no ar um bailado de pisca-pisca. Enquanto isso, as crianças dormem...  E sonham...

É uma verdadeira festa:

As estrelas lembram o amigo vaga-lume e sua doce canção. Canção da alma, canção de flores, canção de amores...

Lembro-me perfeitamente do dia em que ele chegou de repente, dentre as folhagens. Eu estava encostado na raiz-pé de um velho jequitibá, respirando o ar puro e fresco do sertão...

- Senhor Besouro - disse-me ele -, gostaria de lhe mostrar uma música que fiz, se isso não o incomodar, é claro.

- De forma alguma me incomoda - respondi.  - Meus ouvidos estão abertos para apreciar a boa arte.

E o vaga-lume, pegando uma pétala de margarida amarela, começou a cantar:

A estrela de prata
Brilhou na cascata
Depois da lagoa.
Que coisa bonita
É a folha que agita
Depois da garoa.

A noite desponta
E eu nem faço conta
De quantas estrelas
Existem no céu.

Que coisa bonita,
Depois da garoa
A vida tão boa
É um favo de mel...
Um favo de mel...

  
- Perfeito - disse a ele. O que mais me impressionou foi a simplicidade dos versos. Ser simples como uma folha que nasce e um rio que corre... Eis aí um grande mistério... 

Fábula dedicada a César Fernandes Fonseca, meu irmão:

Poeta, músico autodidata e técnico em radiologia (sua profissão). Desde a infância se interessava por violão e pela música popular brasileira, recebendo influências diversas, de Toquinho a Badem Powell, Djavan a Alceu Valença. Estudou violão com recursos próprios e, assim, foi criando e recriando formas, melodias, harmonias. César é quem primeiro teve a ideia de transformar os poemas da FLORESTA DE POESIA em músicas infantis. Escondia-se no quarto e logo saía com a canção já embalada. 


Musicou os poemas: Floresta de Poesia, O Grilo Seresteiro, A canção do Vaga-lume, O baile na lagoa (Reggae na lagoa) O Sapo Marco Antônio e o Mosquito Feijão.


Em dezembro de 2005 realizamos o musical no Centro Cultural Carlos Cheminand  e na Igreja da Matriz, com crianças da CASA DA CRIANÇA DE BANANAL. Trabalho desenvolvido com Márcia Cheminand, Lalau, Paulo Jaime, Rachide, Elisa Valiante Guarizi  e Luciana Fidalgo.


Em parceria, fizemos as canções: Brincadeira na Floresta,
Desenhos no Chão e A formiga Elizabeth.


César é responsável também pelos arranjos das músicas e organização do repertório e apresentações.


A canção acima, numa brincadeira em casa, com nossa sobrinha Isabela Granha, chama-se "O baile na lagoa", rebatizada de "Reggae na lagoa", é uma homenagem a Bob Marley, com ritmo contagiante, transmitindo alegria e o espírito de comunhão que existe na FLORESTA DE POESIA.

César forma com Luciana Fidalgo uma grande parceria, alternando as vozes entre o grave e o agudo, conseguem expressar emoções singelas dos bichinhos da CIDADE DE CAPIM. 


Luciana é nossa amiga desde a adolescência, uma grande cantora e pessoa de rara sensibilidade. Formada em Artes, professora, atualmente mora em Silveiras, onde trabalha. entrou em contato com a FLORESTA DE POESIA por volta de 2003, desde então é parte fundamental do grupo, presente nas apresentações e lançamentos.


O grilo Seresteiro é uma das canções que Luciana mais gosta, juntamente com "A canção do Vaga-lume". A ela, com todo carinho...



Na figura acima vemos também Isabela Granha e Camila Granha, minhas sobrinhas. As meninas entraram para a equipe musical e aprenderam a ler com as cantigas do livro.



Esta é a Camila Granha. Moreninha cor de jambo e de olhos de jabuticaba. Para ela dediquei o Rockzinho "O aniversário de Luíza", pois a canção fala de uma joaninha e Camila é defensora dos animais e outros bichinhos. 




Isabela Granha é a irmã mais velha, leitora espetacular e menina de muito talento musical. Voz afinada e na alegria de sempre... Tem diversos poemas do livro dedicados a ela, como "A abelhinha Jasmim". Os vídeos abaixo são partes de um ensaio para o musical:

Melhores amigos:


Floresta de Poesia:



Elisa Valiante Guarizi também é homenageada pela FLORESTA DE POESIA, cantou parte das peças em 2005, numa apresentação com a Casa da Criança, de Bananal. A ela "O poema para Elisa":


E a aventura continua...

MURMÚRIOS DO LADO DE LÁ

- NÃO entendo como algumas pessoas conseguem morar tão mal, em casa caindo uma por cima da outra.   - disse a Baratinha, olhando para um vilarejo no alto de um morro.

- Os homens não sabem construir sua moradia - completou o Ratinho.

E o Velho Besouro ajeitou-se sobre uma folha de capim:

- Muitas vezes as pessoas são obrigadas a viver em situações de risco.

- Como pode isso? - perguntou o Calanguinho.

- Ora!  - disse o Besouro. - Os seres humanos se dividem em classes: superior, média e inferior. De forma que, enquanto uma pequena minoria possui muitas casas e terras, grande parte deles vive com dificuldades.

- Ventos distantes contaram sobre pessoas que dormem embaixo de pontes, em viadutos, praças e calçadas - disse admirada a Formiguinha.

- A grande diferença social... - lamentou o Besouro.  É o mundo dos homens. Já faz muito tempo... Eu era muito jovem...



Eu andei longes terras...

Então, olhando para o poente, deixou que suas asas se abrissem e partiu, acenando para os outros bichinhos...

E cada um, à sua maneira, seguiu em direção à Floresta...


Um velho besouro,
Muito experiente,
Contou consciente
Mil coisas estranhas
Do lado de lá.
Os outros, mais jovens,
Ouviram atentos,
Por certos momentos
Diziam: “ -  Será?!”

O velho besouro
Falou de cidades,
De prédios, de casas,
Usinas, maldades.
Falou de guerrilhas,
Combates, canhões,
De armas que ferem
Civilizações,
Que os homens constroem
Suas próprias prisões.

E dizem: “- Progresso,
Um viva ao futuro!...”
Meu Deus, que tristeza!
Que passo no escuro!

E enfim o tal velho
Pediu pra que a brisa
Guardasse o segredo
Do lado de cá,
Que o tempo levasse       
Pra longe os murmúrios
Do lado de lá.