A ESTRELA DA NOITE

- Psiu!... Devagar!... Agora somente o silêncio é quem reina na Floresta de Poesia. Os bichinhos estão todos dormindo, encantados. E uma frouxa luz amarela protege a Cidade de Capim. As estrelas cadentes cruzam o céu, numa festa cintilante. Os sonhos nascem. São os guardiões da Floresta. Uma paz imensa envolve os corações que amam... São perfumes de flores... Risos de criança... Cantos de poeta em noite calma! Fiquem todos em paz... E que o amanhã desperte, na luz de um novo dia.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

APRESENTAÇÃO (Por Edmundo de Carvalho)

O tema escolhido por Wagner Fernandes é oportuníssimo. O autor trata a contradição do modelo de desenvolvimento com a consciência de professor de literatura e a sensibilidade de poeta e músico que congrega em si. Vê o ponto de vista do ser urbano e transporta-se, ao mesmo tempo, para o mundo silvestre. Wagner se faz de Velho Besouro para dar alma e fala a animais que dialogam sobre os dois lados da civilização. Uma crítica ao modelo consumista, em contraste com a exuberância da Floresta que por si só é pura Poesia.

Na cidade grande é que a fábula tem início. Os animais, que lá vivem, sem perceber o fardo que carregam, são despertados pela sabedoria de um Besouro, que os põe a pensar, dialogar, buscar e construir um mundo melhor.

O lugar em que o verde nunca morre é o reduto do poeta e do compositor, que se unem em um só e compõem diversas modinhas, interpondo ritmos e estilos diferentes, às vezes rurais, às vezes modernos, mas que, magistralmente, trazem as coisas da natureza ao domínio deste belíssimo musical.


Não se esqueceu de pôr uma pitada de romance na relação dos personagens, que vão extraindo da floresta e movimentando um cenário, ao mesmo tempo, encantado e real: A formiga Elizabeth que se enamorou do Vaga-lume, dançou forró e Reggae; pôs serenata em roda de amigos; viola; festa de aniversário; e trabalho de abelha fazendo mel. E falou do marimbondo professor, muito a propósito da pouco reconhecida profissão de professor.

Faz um remelexo com violão, violeta e violação para criar metáfora com o “vento” que vem “forte” e deixa as flores no chão, alusão certa a um assunto que está na pauta: as catástrofes nucleares.

E, oportunamente, termina o musical cantando a esperança que sempre há guardada no coração dos justos, valendo-se de um verso que espanta o mal na fala do Velho Besouro: “enfim o tal velho pediu pra que a brisa guardasse o segredo do lado de cá, que o tempo levasse pra longe os murmúrios (sofrimentos – grifo meu) do lado de lá.”                                       

  (Edmundo de Carvalho na casa de Wagner Fernandes Fonseca e Idalina Sabadine, em 2004)

Edmundo de Carvalho[1]. Silveiras, 04 de maio de 2011.



[1] Edmundo de carvalho (22/10/1949) é autor do livro de contos TRAVESSIA.  Formou-se em Engenharia e trabalhou na Fábrica de Vagões, em Cruzeiro, SP. Em São José dos Campos, onde morou por 35 anos, foi vice-prefeito, Secretário de Planejamento, Secretário do Meio Ambiente e Presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Mora, atualmente, em Silveiras-SP, sua cidade natal.

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