- NÃO entendo como algumas pessoas conseguem morar tão mal, em
casa caindo uma por cima da outra. -
disse a Baratinha, olhando para um vilarejo no alto de um morro.
- Os homens não sabem
construir sua moradia - completou o Ratinho.
E o Velho Besouro
ajeitou-se sobre uma folha de capim:
- Muitas vezes as
pessoas são obrigadas a viver em situações de risco.
- Como pode isso? -
perguntou o Calanguinho.
- Ora! - disse o Besouro. - Os seres humanos se
dividem em classes: superior, média e inferior. De forma que, enquanto uma
pequena minoria possui muitas casas e terras, grande parte deles vive com
dificuldades.
- Ventos distantes
contaram sobre pessoas que dormem embaixo de pontes, em viadutos, praças e
calçadas - disse admirada a Formiguinha.
- A grande diferença
social... - lamentou o Besouro. É o
mundo dos homens. Já faz muito tempo... Eu era muito jovem...
Eu andei longes
terras...
Então, olhando para o
poente, deixou que suas asas se abrissem e partiu, acenando para os outros
bichinhos...
E cada um, à sua
maneira, seguiu em direção à Floresta...
Um
velho besouro,
Muito experiente,
Contou consciente
Mil coisas estranhas
Do lado de lá.
Os outros, mais jovens,
Ouviram atentos,
Por certos momentos
Diziam: “ - Será?!”
O velho besouro
Falou de cidades,
De prédios, de casas,
Usinas, maldades.
Falou de guerrilhas,
Combates, canhões,
De armas que ferem
Civilizações,
Que os homens constroem
Suas próprias prisões.
E dizem: “- Progresso,
Um viva ao futuro!...”
Meu Deus, que tristeza!
Que passo no escuro!
E enfim o tal velho
Pediu pra que a brisa
Guardasse o segredo
Do lado de cá,
Que o tempo levasse
Pra longe os murmúrios
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